Salmos.
Editora Paulinas, 2017.
Resenha:
A nova tradução dos Salmos, da Editora Paulinas, está organizada de
maneira a levar o leitor a um estudo profundo desse livro. Na
apresentação, teremos uma descrição da proposta da Editora com as
novas edições, tanto do Novo testamento (já resenhado aqui no
Próximo parágrafo), quanto dos Salmos.
“Após ter
apresentado no final de 2015 o Novo testamento, por ocasião do
Centenário da Congregação das Irmãs Paulinas, publica-se agora,
no início de 2017, o livro bíblico dos Salmos. Busca-se traduzir,
de forma exata e fluente, o que poetas israelitas escreveram em
hebraico no decorrer do primeiro milênio antes de Cristo.”
Já na introdução
aos Salmos, há uma breve, mas consistente aula sobre as origens dos
salmos, suas estruturas, suas traduções e a história do povo
judeu, além das explicações que estão nos próprios salmos, em
notas de rodapé, possibilitando um aprendizado não só na fé, mas
no conhecimento do leitor sobre o contexto do salmo, bem como a que o
eu-lírico se refere ou sente durante a oração.
“O povo judeu,
no entanto, chama o livro dos Salmos de louvores (heb.: tehilim),
pois as muitas orações (Sl
72,20) em forma de lamentações, preces e súplicas irão resultar
em um louvor múltiplo (Sl 150,6).”
A explanação sobre
a etimologia do termo ‘Salmo’ também é importante para
compreendermos a que gênero de leitura estamos lendo, bem como a
organização que difere entre as Biblias hebraica e Septuaginta.
“A numeração
dos Salmos varia de acordo com suas antigas edições. A regra básica
é de que o número maior sempre se refere à Bíblia Hebraica.”
Dentro dos salmos, a
introdução explica também a organização dos salmos e sua ordem,
além de como existe um diálogo entre os Salmos e os cinco primeiros
livros da Bíblia.
“Podem ser
observadas quatro fórmulas doxológicas (Sl 41,14; 72,18-19; 89,53;
106,48) que, sem terem ligação direta com as orações das quais
fazem parte, dividem o livro dos Salmos em cinco grandes partes,
formando uma estrutura paralela ao Pentateuco (Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio). Dessa forma, a tradição
judaica compreende os Salmos como resposta que Israel dá à proposta
feita na Torá.”
Além disso, a
importância dada à organização poética em versos dos Salmos e o
uso de termos como versificação, estrofes, eu-lírico, demonstra
como os organizadores se preocuparam em demonstrar as questões
poéticas presentes e mais atuais com relação aos Salmos não só
pelo ponto de vista religioso, mas pelo olhar do leitor secularizado,
ateu ou, como eu, de outra vertente religiosa, mas que vê na leitura
dos Salmos e da Bíblia, não um ato religioso, mas uma busca por um
conhecimento da base de formação da sociedade ocidental, ainda que
teoricamente.
“Consequentemente,
os Salmos se tornaram também a oração dos cristãos e da Igreja,
fazendo parte da herança religiosa que originalmente pertence ao
povo judeu.”
A
cada salmo, a presença das notas de rodapé traz informações e
explicações sobre a leitura que, longe de atrapalharem a leitura,
muito pelo contrário, fortalecem os laços entre o leitor e o texto,
dando chaves de significação e contexto necessárias para um maior
entendimento entre o tempo atual e o tempo passado.
“A
sobrevivência dos justos somente é possível porque o Senhor está
ao lado deles. O homem que, no início da oração, se opôs sozinho
a uma multidão de maldosos (…) encontra-se, no final, integrado à
comunidade dos justos.” (nota 1.6 no salmo 1)
Essa
relação entre tempos é logo superada quando pensamos que certas
angústias são atemporais, sendo assim os Salmos são uma fonte de
consolação, júbilo e alegria para o cristão que neles procurar o
eco de um povo que também sentia a ausência de Deus, tristeza pelo
silêncio de Deus e, muitas vezes, expunha suas dores com revolta,
sem medo, mas com firme segurança de que eram ouvidos.
“Senhor, Deus
dos Exércitos, faze-nos voltar!
Faze luzir tua
face e seremos salvos!”
(Salmo 80, 20)
Que
a leitura dos Salmos ajude aos fiéis a recuperar a estreita ligação
com Deus e que sua atenção às palavras possa ter os olhos do
coração.
“Quem come este
pão
viverá para
sempre.”
Jo 6, 58
Mariana Belize
Projeto Literário
Olho de Belize
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