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Bruno Félix | Facebook | Divulgação |
Dito e feito
Sente
tanto que nem mente
Ela
sentiu um perfume
Que
ninguém mais sentiu
Que
ele sequer usou
Mas
ficou na pele
Indecente.
A
mão dele tremia
Uma
espécie de ereção
Causou
um ímpeto de
Penetrar-lhe
os cabelos
Com
todos os dedos
E
o abraço ficou completo:
O
que o coração prevê
Os
olhos não mentem.
O encontro
Procuro
uma poesia
que
caiba em um cartão
que
caiba em um envelope
onde
caiba meu coração.
Não
encontrarei em livros
tampouco
em alguma canção:
Porque
descobri que a poesia
que
quero,
que
sinto e preciso
é
a poesia de tua pele
quando
te puxo os cabelos
te
revelo a nuca, arrepios.
Teu
cheiro de fêmea, teu cio.
A
poesia que eu quero está no milésimo de segundo
em
que meus dentes te encontram na carne
onde
eu todo me afundo.
Scotch
É noite.
O caramelo claro do fundo do meu terceiro copo
de scotch não tem cheiro de uísque, mas tem o calor gostoso dos olhos dela que
vi pela manhã. Olhos grandes que fugiam do sol, forçando expressões engraçadas
no rosto amassado, aquela cara de edredom emoldurada por um cabelo curto e
desgrenhado. Ela furiosa por se mostrar em pijamas, chinelos enfiando as meias
brancas entre os dedos, um vestido não tão amarrotado que insistia em sugerir
que ela dormira nua; furiosa por deixar escapar um sorriso ou outro que dizia:
eu posso ser sua. Essa sou eu, dizia o riso contido, e se mostrava desengonçada
deixando entrever as pernas por depilar, as axilas, alguma flacidez nos braços.
Penso em me servir de mais uma dose, mas não
quero desmanchar o olho que se desenhou para mim. Sem mover o copo, aproximo
meu nariz e sinto o cheiro maltado do pescoço dela, um blend de sono, suor e
creme hidratante. Tenho controle sobre a bebida. Não vou me perder embriagado
como me perdi pela manhã, metido em um abraço demorado que ao invés de matar a
saudade, só fez aumentar o desejo de sentir por inteiro aquela mulher tão bela
quanto a natureza a fez.
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